Exterogestação: o que você precisa saber para te ajudar a ter uma maternidade mais tranquila 

Você passou aproximadamente 40 semanas esperando pelo seu baby.

Curtiu cada semana, cada crescimento da barriga, a descoberta do sexo, a compra do enxoval e a montagem do quartinho. Muito provavelmente vivenciou a ansiedade das últimas semanas à espera do parto.

Finalmente o seu bebê está em seus braços.

A emoção de ver pela primeira vez o rostinho do seu bebezinho com certeza será memorável. No entanto, quando é chegada a hora de ir para a casa com o seu bebezinho, vem a insegurança, as incertezas e o medo. 

Maternar é um caminho a ser construído, mas tenho certeza que alguns conceitos, como a exterogestação, são importantes para lhe ajudar a trilhar esse caminho da maternidade tão lindo, mas ao mesmo tempo árduo.  

Exterogestação, o que é? 

O antropólogo inglês Ashley Montagu criou a teoria da exterogestação. Segundo ele, os seres humanos nascem antes do desenvolvimento neurológico ter sido concluído.

Isso porque se nascessem após esse amadurecimento completo, o crescimento do cérebro impediria que a criança passasse pela pélvis da mãe no parto.

Com isso, os bebês após o nascimento continuam sendo gestados por mais 3 meses até o amadurecimento completo. 

Por isso, durante esses 3 meses é necessário cuidados que simulam um pouco da vida dentro do útero para que ele possa se sentir acolhido e seguro para se desenvolver plenamente.

Além disso, podemos entender a exterogestação como um período de adaptação do bebê na vida fora do útero. 

Exterogestação na prática

Na prática, os primeiros três meses de vida exigem muito da mãe. Esse é um período de adaptação tanto do bebê quanto da mãe. É o momento de mãe e filho se conhecerem, de se conectarem. E isso não é uma tarefa fácil. 

Por parte do bebezinho, ele antes estava acostumado a ter tudo na medida certa(sempre quentinho, limpinho e bem alimentado), agora, ele sente fome e tudo é muito novo para ele ( o som ambiente, a iluminação, a força da gravidade…)  É por isso que, principalmente no primeiro mês de vida, o baby chora desesperadamente para tomar banho, trocar fraldas e roupas.

Sim, ele também chora quando a mãe o coloca no berço. 

Mas, afinal de contas, porque o bebê chora quando sai do colo da mãe? Porque é ali que ele encontra segurança e conforto.

Não podemos esquecer que ele passou nove meses escutando a voz da sua mãezinha. 

Infelizmente, ainda escutamos muitas mãezinhas e avós com a ideia de que não pode dar colo para o bebê para ele não ficar manhoso.

Que o certo é deixá-lo no berço para ir se acostumando.

O choro em bebês novinhos representa um pedido dele seja de comida, aconchego, agasalho ou até mesmo pode ser dor. 

Deixar o bebê chorando no berço sem acolher esse momento tão difícil para ele causa um estresse que pode gerar consequências negativas posteriormente. 

Do lado da mãezinha, ela perde suas noites de sono tranquilas, perde a sua total liberdade. Muitas vezes, é quase impossível tomar um banho sem ser interrompida.

Sua rotina muda completamente. A chegada do bebê traz mudanças radicais para a vida da mulher e da família. Meio a tudo isso, a mãezinha precisa conhecer o bebê (como confortá-lo, como fazê-lo dormir…) 

Eu arriscaria dizer que o período de exterogestação é o momento em que bebê e mamãe estão se formando. E isso é algo muito lindo!!! Claro que é algo também muito doloroso. 

Exterogestação e amamentação.

Quando o bebê estava no útero, ele recebia alimento constantemente em livre demanda, ou seja, não tinha nenhuma regra de se alimentar de 3 em 3 horas.

Nesse período de exterogestação, o bebê demanda da mãezinha amamentação numa frequência que varia muito de bebê para bebê, mas certamente não apresentam ainda nenhuma rotina.

Até mesmo porque o bebê não se alimenta apenas quando está com fome.

Amamentar acalma e acalenta o bebê. Amamentar é muito mais que alimentar, é puro afeto e aconchego. E nesse momento onde tudo parece tão ameaçador para ele, ele busca refúgio no peito da mamãe. 

Exterogestação e o sono

Ainda me lembro do primeiro mês em que eu desisti de colocar minha bebê para dormir no berço. Parecia aqueles filmes de comédia.

Colocava no berço chorava, colocava no colo parava de chorar. Então, eu arrumei um jeitinho de dormir sentada com ela no meu colo.

Assim eu e ela conseguimos dormir um pouquinho.

Claro, que tem que se pensar na segurança para evitar acidentes.

Mas, o importante é entender que nesse período de adaptação ao mundo externo e devido a imaturidade do sistema nervoso do bebê, o sono do bebê não tem rotina, não tem nenhuma lógica como nós adultos já temos estabelecidos os horários de dormir.

Além disso, o bebezinho dorme muito mais facilmente no colo e ou no peito da mãezinha. Por isso, nesses primeiros meses é importante ter uma rede de apoio para ajudar você a passar por esse momento da melhor maneira possível.  

Exterogestação, possibilidades de como lidar?

1- A proximidade com o corpo da mãe: esse comportamento permite simular a vida dentro do útero. Isso porque o bebê pode ouvir os batimentos cardíacos, a voz da mãe, assim como ouvia quando estava na barriga da mãe. 

Então, não tenha medo de dar muito colo e aconchego. Essa ideia de que colo estraga o menino, que colo deixa mimado são ideias muito equivocadas que em um próximo artigo esclarecerei melhor. 

Para facilitar a sua vida, use o sling. Os slings além de deixar o bebê em uma posição muito aconchegante, deixa a mão da mãe livre para realizar outras tarefas. Muitas mães sentem-se inseguras com o sling por ter a sensação de que o bebê pode cair ou porque acha muito complicado de usar. Mas, vale a pena investir um tempinho em aprender a usá-lo. 

2- Amamentação em livre demanda: não tenha medo de amamentar infinitas vezes ao dia e a noite. Lembre-se que a sucção acalma o bebê. 

3 – o balanço: quando o bebê estava no útero ele sentia o balanço do caminhar da mãe. Por isso, o ninar e o balanço são tão reconfortantes para o bebê. Para ser sincera, eu achava um tédio ninar minha bebê. Com o tempo fui descobrindo maneiras divertidas de fazer isso.

Eu sempre colocava uma musiquinha tranquila que eu gostava e dançava com ela em meus braços. Era muito bom. Quando ela era bem novinha eu dançava com ela pela casa e ela se acalmava muito rapidinho. Permita-se encontrar a melhor maneira para deixar esse momento agradável tanto para você quanto para o seu bebê.  

 4 – Embrulhar o bebê: há quem diga que fazer um pacotinho deixa o bebê mais tranquilo. Dentro da barriga, é como se ele estivesse embrulhadinho, por isso, você pode experimentar fazer de vez em quando um charutinho utilizando uma manta.

5 – Ofurô: existem baldes próprios para dar banhozinho no bebê que simulam o ambiente intrauterino. Eles são ótimos calmantes dos bebês.

5 – Sonecas diurnas: assegure que seu bebê durma de dia o tanto necessário. Algumas pessoas ainda pensam que não podem deixar o bebê dormir muito de dia porque assim não dormiria a noite. No entanto, é o contrário, o bebê que não dorme o suficiente de dia, fica irritado e então fica com dificuldade em dormir e tem um sono bem ruim durante a noite.

Para finalizar quero frisar que a exterogestação nos permite entender  porque os 3 primeiros meses são tão difíceis tanto para a mãe quanto para o bebê.

Propiciar um ambiente acolhedor, simulando muitas vezes, a vida uterina permite o desenvolvimento pleno e respeitoso, permite uma transição da vida uterina para a vida aqui fora mais respeitosa e tranquila.

Para isso, é necessário pelo menos 3 coisas: Paciência, saber que é temporário e rede de apoio.

Quando termina a exterogestação?

Cada bebê vai ter o seu tempo. Alguns menos de 3 meses outros um pouco mais de três meses. O importante é respeitar o tempo do seu bebê. Permita-se conectar a ele, para que ele possa ser a sua bússola. 

Espero ter dado alguns nortes para que você possa trilhar e construir uma maternidade mais leve possível.